quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010

Queridos amigos e amigas que visitam este blog, espero revê-los todos em 2010, só que mais vezes, mais frequentemente. Sou um sentimental, gosto pra caramba de pessoas, ainda mais das pessoas legais. Este ano foi um atropelo atrás do outro. Resultado: 365 dias que passaram voando e uma sensação de que o tempo poderia ter sido melho vivido. A bem da verdade não sei quem visita este blog (além do Jorge, do Wilson e do Emerson, que escrevem de vez em quando), mas o abraço vai também pra quem eu sei que já visitou (Igor, Fabrício, Luciana Barreto, Fabiana Menini, Rayane, Ana Caroline, Giselle...). Espero que o próximo ano seja espetacular para vocês e pra toda uma galera aí que mora no meu coração, gente que eu não vejo há muito tempo, pra quem não escrevo, não ligo, mas que nunca esqueço. A lista é enorme e eu é que não vou correr o risco de esquecer alguém, mas assim, por cima, posso dizer que são pessoas da Secretaria de Cultura de Canoas (e agregados), das outras secretarias, amigos canoenses, pessoal da Verdeperto, pessoal da minha já tão distante faculdade de Filosofia, colegas da CEFAV, amigos da antiga que conheci no Diário de Canoas, no O Timoneiro, na Veraz, amigos de bar, amigos de livros, amigos de vários momentos e circunstâncias, amigos enfim...
Abração pra todos.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Sangue novo nos quadrinhos

Na Feira do Livro de Porto Alegre deste ano conheci o Rafael Grampá. Na verdade não foi bem na Feira, foi num barzinho de cartunistas, famoso, na subida do Viaduto Otávio Rocha. Levei meu exemplar de "Mesmo Delivery" para autografar. Para quem não sabe, este é o título da história em quadrinhos que o cara produziu. Muito boa. O Grampá é merecedor de muitos elogios, desde a "vitalidade do traço" ressaltada por Lourenço Mutarelli até a sensação de estranheza e originalidade que consegue em muitos momentos ao longo da narrativa (coisa difícil de se conseguir). Ganhou - junto com outros quatro artistas - o famoso Prêmio Eisner, a maior premiação em quadrinhos no mundo. O cara "tem o dom". A revista Época o elegeu um dos cem brasileiros mais influentes em 2009. Conversei muito rapidamente com ele naquele dia, mas vi que é um cara na boa, apesar do sucesso estrondoso. Quando li Mesmo Delivery me deu vontade de desenhar de novo. E desenhei. Espero que o artista não se importe por eu ter tomado a liberdade de "adulterar" um pouco a sua história em quadrinhos.

Recordações da Casa dos Mortos

Hoje é 19 de dezembro. Minha última postagem neste blog foi em 8 de novembro. É que eu estava prisioneiro. Encarcerado na maior detenção do mundo moderno, a saber: o trabalho. O nome do complexo carcerário desta vez era Secretaria de Cultura de Canoas. Fiquei recolhido por 8 meses. Trabalhos forçados. Lá tive dores de nervo ciático que me impossibilitaram de caminhar por algum tempo, tive catapora (aos 37 anos de idade, uma coisa horrível: febre, dores de cabeça, dores de estômago e feridas por todos os cantos imagináveis do corpo - corpinho que era lindo e agora está todo marcado) e, mais recentemente, fiquei com o rosto detonado (possivelmente uma mistura de stress com ar-condicionado). STRESS. Eis aí uma palavrinha que conheci bem. Vou escrever um tratado sobre isso... A Metafísica do Stress, O Stress Fenomenológico, O Ser o Stress, A Crítica do Stress Puro, A Genealogia do Stress... enfim... posso escrever qualquer coisa, pois fiquei doutorado nessa porra. E sou um cara zen. As pessoas diziam: tu parece estar sempre tão calmo. E pareço mesmo. Vai ver interiorizo mais do que os outros. Meu chefe maior me chamou de vagabundo quando pedi pra sair. Ra, ra, ra... dois mil e poucos reais não pagam as sequelas que o trabalho insano deixa como lembrança. Sou vagabundo não, chefinho. É que estou quase nos quarenta e tenho outros planos, planos que não incluem trabalhar com coisas nas quais não acredito. Alguns momentos foram ótimos, devo admitir, e também aprendi muito. Sim, foi um bom aprendizado. Duro, mas foi. Conheci algumas pessoas sensacionais que, espero, permaneçam minhas amigas de agora pra sempre. Conheci também o funcionalismo público e o "poder", todas as intriguinhas e disputas que rolam no meio. Disso, ouça-me Deus dos Artistas, quero manter distância até o fim dos meus dias.
Volto no fim deste ano pra casa dos meus pais. Juntei um dinheiro com o qual pretendo viver uma vida semi-monástica. Quero tocar vários projetos pessoais. Vou montar um estudiozinho caseiro e fazer muito barulho (tenho esperanças de que parte disso possa se chamar música). Vou retomar antigos projetos de quadrinhos e cartuns e ver se o longo amadurecimento ao qual me resignei na última década resulta em coisa que preste. Quero escrever também. Quero fotografar, filmar, ler, encenar... quero fazer o que sempre quis, mas que a porra da necessidade de trabalhar nunca permitiu. Vou manter um blog mais atualizado. Talvez até acabe usando o Twitter e o MySpace que abri e nunca mais entrei. Vou continuar vendendo livros na internet. Talvez (mas assim, TALVEZ mesmo) acabe abrindo aquele sebo planejado com tanto entusiasmo e há tantos anos (Giselle, não desista de mim... estou voltando para a luz). Se isso acontecer, tudo muda. Alea jacta est, como diriam os japoneses.
LIVRE, LIVRE, LIIIIIIIIVREEEEEEE, ESTOU LIIIIIIIVVVVVVVVVVRRRRREEEE!!!!!!!

domingo, 8 de novembro de 2009

Meu número

Ah, esta eu tinha que registrar. Olha o número de visitas no blog: 7171. Meus números favoritos. Nasci em 17-11-71 (de trás pra frente dá a mesma coisa) e por isso não consigo me livrar das superstições relacionadas a estes dígitos. A bem da verdade, acho que não me deram muita sorte até hoje, mas vou continuar acreditando.
Ah... meu aniversário tá chegando, caso alguém não tenha se ligado que "11" é novembro. Por favor, amigos, nada de presentes muito caros. Eu disse "MUITO" caros.

Muito sangue no fim de semana

Paguei exorbitantes 10 reais para ver um filme no cinema neste fim de semana (saudades dos tempos da minha carteirinha da Ufrgs). E não era cinema de shopping, pois só entro nestes templos de consumo da massa acéfala se não tenho opção de outras salas. Não, era o Vitória, sala pequena, simplinha... Porra!!! Dez reais?!?!?! Quase que saquei a nota de 20 falsa que um taxista filho da puta me passou noutro fim de semana e eu, bêbado e meio p. da cara (por razões que não vou contar) não percebi (hoje juntei coragem e rasguei a maldita - não ia ter cara de passar aquilo adiante). Buenas, mas pior foi pagar 10 reais pra ver um filme ruim. Bastardos Inglórios, do sempre festejado Tarantino. Buenas... não vou me estender: o cara errou a mão. O filme tem mais de duas horas e meia, é longo demais e em diversos momentos perde o fio condutor. Usa várias linguagens e, por conta daquela mistureba de referências que o diretor sempre faz, vira uma coisa que desta vez (em alguns filmes deu certo) não acabou numa unidade estética maior. Tem também neste filme outra coisa que as pessoas costumam elogiar nos filmes do Tarantino como se fosse uma sacada genial: o banho de sangue. Putz, tá certo que tem uns filmes de merda que nem com todo o sangue do mundo conseguem se tornar interessantes, mas daí a dizer que isso é um ponto positivo no Sr. Pulp Fiction... tsc, tsc.
O Tarantino tá perdendo a mãããoo, o Tarantino tá perdendo a mããããooo...
O legal do dia (um dia chuvoso horrível, diga-se) foi ter passado antes na Feira do Livro. Não pela Feira em si, que eu já não tenho mais saco pra ela (conheço quase todas as bancas e seus respectivos livreiros, sei quais são as caras - e são a maioria - sei quais são os saldos de qualidade - e são quase nenhum - e sei que a maior parte dos livros que estão à venda lá encontro mais baratos no Estante Virtual). O legal foi o livrinho que comprei: Sangue Ruim, de Joe Coleman. Não ando na crista da onda, não sei nunca da última novidade... geralmente acabo sabendo - e raras vezes curtindo - de alguma coisa depois que o frisson passou - e não é pra fazer tipo, sou desinformado mesmo, muito centrado nas coisas que já conheço. Quero dizer que talvez o Joe Coleman já seja conhecido de quase todo mundo. Anyway... se for, vou escrever para aqueles que, como eu, nunca antes ouviram falar do cara.
Sangue ruim é um livrinho publicado pela Conrad com quatro histórias escritas e desenhadas por Joe Coleman. Histórias reais, segundo o livro. São quase 180 páginas, metade textos, metade ilustrações. Quando botei os olhos no livro achei que o traço do cara lembrava o do Mutarelli - a capa principalmente - e também o do Crumb. Na contracapa tem aqueles tradicionais textinhos de gente de renome elogiando o autor. Um deles é exatamente do Crumb. Um outro é do Charles Manson (vocês saberão por quê), e o terceiro, extraído do prefácio pra lá de generoso, é do Jim Jarmusch. Buenas, pois é o Jarmusch quem diz - respaldado por um coro de agentes de arte interessados nas pinturas do cara - que o Coleman é um grande artista.
É um trabalho impactante. O tema das histórias do livro é a vida errante de quatro "outsiders" norteamericanos: três homens e uma mulher. Assaltantes, ladrões, vagabundos, drogados, assassinos, estupradores, prostitutas, bêbados, presidiários... eis o universo verídico que Coleman retrata. Abaixo reproduzo o trecho que uma página, pra dar uma ideia mais clara do que se trata:
"Na minha vida, assassinei 21 seres humanos, pratiquei milhares de arrombamentos, roubos, furtos, incêndios criminosos e , por último, mas não menos importante, pratiquei sodomia com mais de 1.000 seres humanos do sexo masculino. Não tenho o menor arrependimento por ter feito todas essas coisas. Não tenho consciência, então, isso não me preocupa. Não acredito no homem, em Deus ou no Diabo. Odeio toda essa raça humana desgraçada, incluindo eu mesmo. Se você ou outra pessoa se der ao trabalho e tiver inteligência ou a paciência para seguir e examinar todos os meus crimes, descobrirá que eu segui uma ideia com consistência durante toda a minha vida. Minhas vítimas eram os fracos, os inofensivos e os ingênuos. Essa lição eu aprendi com os outros: contra a força não há argumentos".
Sentiram a candura? Essa declaração aí de cima é de Carl Panzram, um dos retratados e, segundo o texto do Jamursch, um santo moderno para Joe Coleman. Sim, sim... o cara é daquele time de autores amorais, o cara é do mal. Eu estou longe - e espero permanecer lá - de concordar com esta visão de mundo, mas não posso negar estes caras que se debruçam sobre temas tão polêmicos, e têm coragem de mostrá-los como seus, são leituras interessantes.
A ilustração que reproduzi neste post não está no livro - os desenhos lá são em preto e branco - mas coloquei-a pra tornar meu estômago menos sensível.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Artes para uma cidade mais culta (XVII)

Mais coisas que tenho feito na Secretaria de Cultura de Canoas, a próxima cidade referência em cultura do Rio Grande do Sul.

Artes para uma cidade mais culta (XVI)


Artes para uma cidade mais culta (XV)


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Coisas que passam pela minha cabeça

O tempo todo...
É incrível!!!


Eu sou o Telmo
Eu sou o São
São e Telmo são um só
São e Telmo um só são

(repete)

Seria Telmo um santo só?
Dizem que só, mas santo não
Seria só um certo tom?
Ou o tom certo em tanto som?

Desconserto do concerto
Um conceito aceito ou não...
Eu sou o Telmo
Eu sou o São

(repete)

São bom, São tom, São dom, São som...
São tantos Telmos neste São
Tão bom, Tão tom, Tão dom, Tão som...
São Telmo nestes tantos Tãos

Letra de um funkzinho que fiz em homenagem à minha sanidade. Alguém poderá dizer: o simples fato de um cara fazer uma coisa destas já demonstra que não é lá muito são. Talvez tenha razão... mas agora o funk tá feito.

A resposta é "SIM"

Sim, eu comprei, estou lendo e curtindo muito Isaac Bashevis Singer.
Sim, eu comprei, estou usando e curtindo muito um All Star preto, cano alto, de couro.
Sim, eu comprei estou cuidando e curtindo muito um cactus que parece uma coisa do outro mundo.

Ah... os prazeres do consumo!!!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Artes para uma cidade mais culta (XIV)

Coisas que tenho feito na Secretaria de Cultura em Canoas para promover a leitura.

Artes para uma cidade mais culta (XIII)




Artes para uma cidade mais culta (XII)


Artes para uma cidade mais culta (XI)


Artes para uma cidade mais culta (X)


Artes para uma cidade mais culta (IX)


Artes para uma cidade mais culta (VIII)


Artes para uma cidade mais culta (VII)


Artes para uma cidade mais culta (VI)


Artes para uma cidade mais culta (V)


domingo, 27 de setembro de 2009

Caio Fernando Abreu

Comprei ontem um livro de cartas do Caio Fernando Abreu organizado por Italo Moriconi. Pretendia ler alguns trechos, mas de qualquer forma a intenção era revender. E revendi, praticamente no mesmo dia. Com alguns títulos acontece isso: cadastro no Estante Virtual e a saída é imediata. Os do Caio são garantia de venda, principalmente o Morangos Mofados. No início desta minha carreira de livreiro virtual comprei - por apenas R$ 3,00, vejam só - uma primeira edição do livro "Inventário do Irremediável" (que depois foi republicado pela editora Sulina com o título Inventário do Ir-remediável). Melhor que pagar apenas 3,00 reais - por uma primeira edição - foi descobrir que era um exemplar autografado. Coloquei à venda no EV por R$ 50,00. Um outro livreiro comprou imediatamente. Pediu envio por Sedex (o que totalizou R$ 70,00). Passados alguns dias, tava lá o livro à venda de novo. Valor? R$ 455,00. Pasmem. De 3 para 455 é um salto, hein?!! A pessoa que vendeu para o sebo onde comprei deve ter recebido quanto pelo livro? Cinquenta centavos? Se bobear, nem isso. Noutra ocasião cadastrei no EV um outro livro autografado do Caio. "Ovelhas Negras". Desta vez, um pouco mais ciente do valor de um livro assinado pelo autor, cobrei R$ 100,00. E vendi, claro.
Mas a razão deste texto não é mostar o quanto tenho me tornado filisteu e capitalista. Quero é prestar um tributo ao Caio Fernando Abreu. Numa das fases mais bonitas da minha vida, quando recém tinha começado a morar sozinho e estava descobrindo muitos novos prazeres (amigos novos, rock and roll, drogas, a possibilidade de comer alguém (que algumas vezes se confirmou), um trabalho novo (o primeiro contato com a informática no ano de 92) e a literatura), tive em mãos uma surrada edição de "Morangos Mofados", emprestada pelo meu amigo Jeferson. Aquele livro mudou minha relação com o mundo. Quem conhece um pouquinho de literatura sabe que o universo do Caio Fernando Abreu, apesar de um leque enorme de temas, era predominantemente gay. Buenas... não sou gay. Juro (rs). Mas a angústia, a melancolia, a depressão daqueles contos eram sedutores demais para leitores de qualquer orientação sexual. Ou pelo menos leitores como eu àquela época, caras propensos à introspecção e, infelizmente, à angústia. Ainda hoje, quando já li tantos outros caras e já declarei meu amor eterno (enquanto dure) a outros tipos de literatura, continuo gostando de contos como "Os Sobreviventes" ou "Luz e Sombra", um texto que me inspirou a escrever meu primeiro conto (o que vale aqui é o poder de inspiração, certo? e não a qualidade do conto inspirado).
Li algumas cartas do livro. Amanhã o colocarei no Correio para que um fã - certamente mais merecedor do que eu - descubra aquelas coisas impossíveis de se saber em leituras restritas à produção ficcional e/ou crítica do autor.
Sou mais feliz hoje do que quando conheci o autor de "Onde Andará Dulce Veiga?". Uma felicidade que tem muito de resignação, de estoicismo, mas com uns ápices aqui e ali que são muito bons. E, se durante algum tempo os contos do Caio foram a expressão de uma tristeza que eu compartilhava, acho que posso dizer que há um pouco de Caio Fernando Abreu nesta coragem que hoje, quero crer, possuo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Artes para uma cidade mais culta ( IV )

Artes para uma cidade mais culta ( III )

Artes para uma cidade mais culta ( II )

Artes para uma cidade mais culta ( I )

Tenho trabalhado pra caramba lá na Secretaria de Cultura de Canoas. Reuniões, articulações, atendimentos, trabalho braçal e... algumas criações gráficas. Na medida do possível vou colocá-las aqui no meu bloguezinho relegado ao esquecimento


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Stan Disney ou Walt Lee?

A Disney comprou a Marvel... vejam só. Esse desenho aí eu fiz meio que plagiando a charge do meu amigo Tacho, do NH (ele fez um Hulk com orelhas mickeymouseanas).

A Marvel foi uma das coisas mais marcantes que aconteceram na minha vida. Por mais que eu gostasse também de Batman e de alguns outros personagens da DC Comics, meu primeiro contato com o universo dos heróis foi lendo gibis da Marvel, e aí ficou a predileção pelo "espetacular" Homem-aranha e seus colegas de casa. Os personagens da Marvel sempre me pareceram mais "sólidos", menos fantasiosos que os da DC. Pura idiossincrasia minha, claro. Se X-Men e Quarteto Fantástico não são grupos de seres pra lá de fantasiosos, então não sei o que é. Talvez colabore para esta minha impressão o fato de que as histórias da Marvel eram ambientadas em cidades de verdade e não numa Metrópolis ou numa Gotham City da vida. Mas também isso é bobagem: morar no Greenwich Village não torna o Doutor Estranho mais verossímil. No fim a preferência se resume ao acaso: a Marvel chegou primeiro.
Mas já faz muito tempo que parei de ler colecionar gibis. Numa época em que os títulos nas bancas eram menos numerosos, as histórias menos pirotécnicas - mas mais legais - e as minhas pretensões intelectuais embotadas ou inexistentes, tive pilhas e pilhas de revistas em quadrinhos atulhando meu quarto e enchendo meus dias de alegria. Agora tenho pilhas e pilhas de livros, mas nem sempre sou alegre. Não estou reclamando, livros e gibis são literatura. Alguns quadrinhos, muito poucos, são boa literatura. Alguns livros, e não poucos, não são boa literatura, mas na média os livros ainda estão muito à frente. Fico com eles.
Ia terminar este texto dizendo que "...só não gostaria de ver meus antigos ídolos vestindo o chapeuzinho do Mickey", mas isso seria uma idiotice minha. Os heróis de antigamente já viraram mangá, já ganharam versão "baby", já foram mortos e ressuscitados uma dezena de vezes. Não vai ser a coisa mais disparatada do mundo se, muito em breve, testemunharmos um "crossover" Marvel X Disney. Que venha o Super-Pateta!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Tá errado, Yeda... tá errado!!!

Lembro que no dia em que a Yeda ganhou as eleições pro Governo do Estado eu estava voltando de Canoas. Estava no ônibus que vinha pela Farrapos e pude ver o pessoal do PSDB e eleitores afins indo pra Sertório comemorar o resultado. Vi muitas mulheres dependuradas nas janelas dos carros ostentando bandeiras e berrando a plenos pulmões. Vi principalmente que não eram gritos festivos, eram gritos raivosos de gente tripudiando o derrotado. Eram gritos de desabafo depois de toda a tensão da disputa. A direita volta e meia se apropria de ideias da esquerda - por carência de ideias próprias, imagino - e, invariavelmente, faz um uso claudicante destas. Estariam naquele momento se apropriando da famigerada pecha de "raivosos", sempre tão leviana e perversamente atribuída à turma da esquerda? Sei que o mundo tem um pouco mais de lados do que simplesmente direito e esquerdo atualmente, mas ainda assim a coisa é menos poligonal do que alguns querem fazer parecer. Esses dias li um cara no ABC Domingo dizendo que a "censura" do ministro Tarso Genro ao jornal O Estado de São Paulo era "característico do comportamento de "COMUNAS"". Putz... um cara larga uma destas num jornal de grande circulação, então tô liberado pra recorrer aos velhos clichês neste meu humilde blog.

É... poderia fazer isso, mas não vou. Não tenho mais saco pra essas coisas. Ultimamente tenho feito muita questão de manter minha alienação (alienação política - que, por mais que eu me esforce, só consegue ser parcial pois a maracutaia é tamanha que uma simples passada de olhos no jornal já prende a gente (sério!!! tá melhor que alguns livros que já li)). As lambanças do Chico Fraga lá em Canoas, por exemplo. Não queria, mas fico ansioso aguardando "as emoções do próximo capítulo". Putz, sou maniqueísta mesmo... tô aqui torcendo mais que tiazinha noveleira pelo castigo do vilão. E tem vilão pra caramba nesta trama! Será que o ministro comuna vai conseguir botar os bandidos na cadeia? Será que a dona Yeda um dia vai saber qual é o lado de cima e qual o de baixo no Estado do Rio Grande do Sul? Será que em algum momento as pessoas que votaram nela vão fazer a incômoda pergunta: como eu pude, contra todas as evidências, não ter percebido antes que seria assim? Será? Será?
Aguarde o final eletrizante.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O autor deste blog (ainda) não morreu!!!

Às vezes - e não poucas - estou procurando alguma imagem específica no Google e dou de cara com uma - ou mais - mulher pelada. Como acho mulher pelada uma coisa das mais lindas, acabo dando um clic aqui e outro ali que não estavam nos meus planos. Mas quase sempre vale a pena. Este desenho aí de cima é de um quadrinista norteamericano chamado Adrian Tomine. O Tomine faz parte de uma nova safra de autores gringos. Tive oportunidade de ler, há dois ou três anos, um livro publicado pela Conrad que trazia uma penca de gente talentosa no traço e nas ideias. Lembro que gostei principalmente de Daniel Clowes (de quem acabei lendo depois "Como Uma Luva de Veludo Moldada em Ferro"), Adrian Tomine e dos irmãos Jayme e Gilbert Hernandez - caras por quem sempre escancarei minha admiração. Pois bem, quero registrar um protesto. Apesar de todos os novos ventos que têm soprado no mercado de quadrinhos brasileiro, ainda existem coisas que nós nem sequer sabemos da existência. Fui o responsável pela manutenção da Mostra Internacional de Quadrinhos lá na 25ª Feira do Livro de Canoas. Coisas fantásticas, acreditem. A maior parte delas nós nunca vamos ver por aqui (não traduzidas para o português, pelo menos). Mas nem me refiro às publicações nas línguas mais estrambóticas do mundo... não, vejo que até mesmo publicações em inglês feitas ali nos EUA (simplificação auto-permitida por uma análise de proporções), e que têm qualidade de sobra pra estourar por aqui, não nos são ofertadas. É o caso do Adrian Tomine, autor do lindo desenho aí de cima e de um livro intitulado "Shortcomings". Puxei de um blog chamado "Kapow!!" o texto aí de baixo que fala do que trata a obra. Eu fiquei muito a fim de ler, mas como meu conhecimento de inglês se resume à conjugação do verbo To Be, vou ficar só na vontade até que um editor antenado faça a boa ação de publicar gentes novas por aqui.

Criador da espetacular série Optic Nerve, Adrian Tomine é um historiador do homem comum. Como poucos autores – em qualquer mídia – ele entende que o mundo contemporâneo vive mergulhado em sarcasmo, mesmice, correção política e outras doenças modernas que parecem travar nossa evolução como espécie. Caso em questão, o gerente de cinema Ben Tanaka, protagonista de sua primeira graphic novel. De origem nipônica, ele namora com Miko, uma descendente de japoneses (que vive para “reafirmar” sua herança) e sua melhor amiga é outra nissei, lésbica, que não dura muito em nenhum de seus relacionamentos. Quando Miko dá um break e vai morar em Nova York, Ben aproveita para fazer um balanço de sua vida – o que não significa nenhuma introspecção, ou o menor esforço para ele lidar com sua total inabilidade em se relacionar com pessoas, e sim sexo com mulheres diversas (e não-asiáticas, de preferência) e a demolição de cada bobagem erguida pela juventude “correta” contemporânea – “artistas” e “malditos” muito parecidos com os indies brasileiros. De traços econômicos, Tomine faz seu discurso sobre intolerância e preconceito disfarçado de dramédia romântica moderna. Mas sua intenção não é doutrinar ou tomar partido: é mostrar como as pequenas coisas mudam o rumo de nossa vida. E ser um cronista das pequenas coisas é o que faz dele – e de Shortcomings – grande.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Imagem pro MySpace

Preciso de uma URL, um papel de parede pro MySpace (QUE NÃO TÔ CONSEGUINDO BOTAR - devo ser muito manco mesmo). Buenas, fiz este mosaicão aí com alguns dos meus desenhos pra colocar lá no negócio. Bem que agora podia dar certo...

Realização pessoal...

Tem um endereço na internet (mais especificamente ESTE), onde publiquei a maior parte dos meus desenhos. Tem umas opiniões bem bestas lá (assim como tem aqui), mas pode-se dizer que é um bom portfólio digital. Não ando desenhando mais por que o meu novo trabalho consome muito do meu tempo. Quando chego em casa, só quero descansar (inda mais com este frio do cão).
Achei o desenho aí de cima no Google (este blog tá virando aqueles blogs idiotas que só publicam coisas achadas na internet) e pensei: não deixa de ser uma relação massa... ficar preso a um trabalho que o cara curte fazer deve ser legal. Caralho... cada vez penso mais em chutar tudo pro alto e viver só desenhando, lendo meus livros e tocando minhas músicas. Tô com quase 40... daqui a pouco vai ser tarde demais pra fazer isso.

Convite

Ô, gurias... chega aí!

Assassino terrivelmente lento... arma extremamente ineficiente

Minha amiga Francis K., da Damn Laser Vampires, me mandou este link: http://www.youtube.com/watch?v=1ppkr-hHW1Q. É um troço que chega a doer só de olhar. Fazia muito tempo que eu não ria tanto.

Mais fotos da Feira





1 - Tive a honra de fazer a apresentação do Lourenço Mutarelli. Um dos melhores momentos da Feira.

2 - Nei Lisboa: música, literatura e banheiro da Lancheria do Parque. Grande cara!

3 - Fabrício Carpinejar estourou o tempo - a galerinha curtiu muito conhecê-lo.

4 - O imortal Moacyr Scliar já é amigo da casa lá em Canoas. Muito gente boa.

5 - Meu amigo Henrique Schneider: "temos que dessacralizar o livro".

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Os caras

E a 25ª Feira do Livro de Canoas acabou no dia 4. Caramba, nunca trabalhei tanto na vida. Mas foi massa, conheci pessoalmente um monte de gente que admirava pelos livros e também fiz amizade com outros que não conhecia. Todos muito na boa. Pude conversar com Luiz Ruffato, Lourenço Mutarelli, Miguel Sanches Neto, Allan Sieber, Moacyr Scliar, Nei Lisboa, Santiago, Leonardo Brasiliense, Henrique Schneider e mais um monte de caras sensacionais. Como bom tiete, peguei muitos autógrafos, claro. Infelizmente faltou o registro fotográfico de muita gente de valor (Marcelino Freire, Paulo Bentancur, Cíntia Moscovitch, etc). Abaixo, alguns ilustres.

Fotos e legendas









1 - Eu, gesticulando mais do que o necessário - e sob o olhar atento do chefe -, pra fazer uma pergunta ao Luiz Ruffato, autor do incrível "Eles Eram Muitos Cavalos".

2 - Miguel Sanches Neto, ao lado do Ruffato, um dos maiores nomes da literatura brasileira atual.

3 - O mestre Lourenço Mutarelli - finíssimo - acompanhado por Marko Ajdaric (Neorama dos Quadrinhos) e este humilde blogueiro.

4 - O "bem-sucedido" Allan Sieber, cartunista politicamente incorreto e matador. Cara muito mais gente boa do que eu imaginava.

5 - Goida, pesquisador de quadrinhos e cinema, e Santiago, cartunista genial que já abocanhou inúmeros prêmios mundo a fora.

6 - O lendário Fábio Zimbres acompanhado por Ethon, um figuraça que surgiu na Feira.

7 - Em pé: Denilson (editor do Zine Tchê), Gervásio de Freitas (editor do Portal TexBR) e Zambi (chargista e ilustrador do Jornal O Pioneiro). Sentados: Lehgau-Z Qarvalho (escritor e criador das tirinhas perdidas), Ronaldo (cartunista (e médico)) e Santiago (o que dispensa apresentações).

8 - E pra encerrar, show com Plauto Cruz. Memorável.

domingo, 28 de junho de 2009

20 dias de trabalho ininterrupto

Caros amigos, o meu envolvimento com a Feira do Livro de Canoas não está me deixando tempo pra nada, mas pra nada mesmo. Depois do dia 4 de julho volto ao meu estado normal. Volto a responder emails, inclusive.

domingo, 14 de junho de 2009

Achando

Achei na internet. Achei bonito. Achei que não faria mal publicá-lo aqui.

Tranquilo

Estoy a oír Jorge Drexler, que tem músicas belíssimas como "Salvapantallas", "Guitarra y Vos", "Polvo de Estrellas" e "Milonga del Moro Judio", entre outras. Também tô ouvindo Fiery Furnaces, banda de um casal de irmãos novaiorquinos. Tô lendo "O Teatro das Idéias", livro de crônicas e cartas do sensacional George Bernard Shaw. Uma frase pinçada do primeiro texto: "No fundo, o grande segredo é o seguinte: gênios não existem. Eu sou um e portanto sei".
Hoje dormi até mais tarde, o que é um prazer sem tamanho considerando este frio horrível e o horário que tenho acordado nas últimas semanas. Da cozinha vem o barulho da panela de pressão, por que estou fazendo um feijão pro almoço (que vai sair lá pelas 3 e meia, 4 da tarde). Ontem olhei Wolverine. Um lixo! Comprei junto com outros dois filmes, dos camelôs (Crepúsculo, um dos outros dois, a minha filha Melissa já conseguiu ver umas 5 vezes desde quinta-feira até agora).
Tenho cinco livros em stand by no Estante Virtual, só esperando os compradores depositar o dinheiro para serem colocados no Correio: A Marca Humana - Philip Roth; Extensão do Domínio da Luta, Michel Houellebecq; História da História em Quadrinhos - Álvaro de Moya; A Mulher Escondida na Professora - Alícia Fernandez; O Restaurante no Fim do Universo - Douglas Adams. Pode ser que alguns ainda desistam, mas tudo bem... não será isso que vai estragar esse dia na paz.
É muito bom estar sozinho em casa fazendo só o que me dá na telha (e é tão pouco... esse é o lance - a maioria das pessoas faz barulho demais).

terça-feira, 9 de junho de 2009

Nona arte

Banner que bolei pro Espaço Nona Arte, um canto dedicado aos quadrinhos lá na Feira do Livro em Canoas. Quanta gente cresceu encantada com algum dos personagens aí de cima, hein?!! Eu gostei de todos. Na verdade gostei de muito mais que isso. Pra dar conta de todos os personagens que tornaram agradáveis minha infância, adolescência e juventude (mesmo agora, adulto, ainda leio quadrinhos de boa qualidade) seria preciso um outdoor em vez de um banner.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mestre...

Um desenho do mestre Crumb para que não nos esqueçamos que alguns foram abençoados com a genialidade.

Não desenho mais

No meu novo trabalho quase não desenho. Fiz essa ilustra pro pessoal com quem trabalhava anteriormente. Acho que tava com tanta vontade de desenhar que o negócio saiu rápido. Fiz o desenho em pouco mais de uma hora... e direto no Corel, o que não é o meu método de trabalho. Geralmente desenho a lápis, passo nanquim, escaneio e então trabalho contrastes, luz, sombra, profundidade e texturas no Photoshop. Mas buenas, é isso: uma vez desenhista, sempre desenhista.