quinta-feira, 8 de maio de 2014

Voltei pro Facebook...

Tô fazendo uns desenhos pra eleição do Sindicato dos Bancários e aí me disseram que eu deveria entrar no "Face", pra saber o que tava rolando e pra poder fazer umas caricaturas com base nas fotos do pessoal das chapas. Aí, como vários amigos já vinham insistindo que eu deveria voltar, voltei.
O de sempre lá, né? O peso do negócio são as mensagens "pra frentex", a auto-ajuda facebookeana. E as coisinhas "ai, que amor!". E vem religiosidade, e vem campanha em prol dos bichos (que eu sou a favor, mas não sei por que, não gosto desta onda na internet). Depois tem as coisas engraçadas, que eu gosto. Depois tem também as coisas políticas, que eu gosto e não gosto. Por que política é aquilo... tem gente em todas as posições. Dali a pouco tu descobre que um camarada próximo é um pouco mais reaça (ou desinformado) do que deixava transparecer nas conversas ocasionais. E daí já começa a irritação.
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Porra, acabou de me ligar uma moça da NET oferecendo TV a cabo por um preço atrativo. Disse pra ela com toda a educação: moça, eu agradeço, mas realmente não estou interessado, eu não olho TV, tudo o que eu gosto e que passa lá, encontro na internet.
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Me contive pra não dizer também: sabe o que que é, moça... TV me deprime, eu não consigo acreditar que o tempo todo tem gente aceitando o atestado de imbecilidade que este troço passa. E é isso... Facebook também me deprime, porque é o balaião que aceita tudo. O problema sou eu, claro. Odeio TV, odeio futebol, odeio cigarro, ateu, vegetariano, contra o trabalho, contra o bairrismo e os nacionalismos, contra os oba-obas, contra os conservadores, contra os liberais, contra tudo... qualquer dia vou dar um soco na minha própria cara. Sou contra mim também.
Ah, chega de tanto ódio, Telminho.
É... nem tô tão raivoso assim. É só pra brincar. Outro problema com o Facebook é que, por mais que tu não ligue pra isso, tu vai ficar cuidando se as pessoas "curtem", ou QUEM curtiu, as coisas que tu posta lá. Poxa... fala sério... é muito besta isso. Eu me acho meio egocêntrico com este blog, mas pelo menos posso dizer que tô aqui no meu canto, sem incomodar ninguém. Quem quiser que venha dar uma olhada. Tem um contador de visitas ali do lado, sei que não recebo muitas... e pra mim tá bom. Faço isso aqui por mim apenas. Ou melhor, claro que quero salvar o mundo, claro que me acho a coisa mais próxima de Jesus Cristo que eu já conheci (o cara dizer uma coisa destas já mostra o quão longe está de ser um Cristo... rs), mas não forço a barra. Acho o Facebook uma exposição grande demais, mas principalmente um mergulho corajoso (ou temerário, o que é quase a mesma coisa) demais no mundão de estúpidos lá fora.
Pra que que eu tô falando isso mesmo?
Tô só desopilando. Estes desenhos que tô fazendo são foda. Dois dias desta semana acordei às 5h da matina pra poder dar conta do trabalho no prazo. E eu sou o cara que é contra o trabalho, né? Foda que esta semana nem sequer pude trabalhar lá no Tutti. Tava indo direitinho, todas as terças... agora acho que o Guilherme vai me mandar passear. Foda... mas tá, azar... não comi ninguém também. Caraleo... sempre achei que trabalhar num bar era meio caminho andado pra conseguir algo com a mulherada. Doce ilusão!

Agora a notícia boa. Se eu receber direitinho por estes desenhos que estou fazendo, vou comprar o material pra montar um estudiozinho fotográfico. J. R. Duran... teus dias estão contados!

Let's go...

domingo, 4 de maio de 2014

Parabéns, mãe!

Minha mãe fez 66 anos no domingo, 4 de maio. Fiz umas fotos no dia. No clic aí de cima estão meus pais, minha filha e meus três sobrinhos. Minha mãe parece feliz e eu fico feliz por ela.
Vejam só... uma família!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Morte ao deus Trabalho

Pra mim sempre rolou uma confusão: 1º de maio é o dia do trabalho ou do trabalhador? Acho que devia ser do trabalhador, porque dia do trabalho são quase todos os outros.
A propósito, você sabe a origem da palavra "trabalho"? Dê uma olhada neste link.
Eu tenho um discurso contra o trabalho, não é novidade. Sou amparado (além da minha capacidade de RACIOCINAR) por uma vasta literatura. Procure por:
Manifesto Contra o Trabalho - Grupo Krisis
Elogio ao Ócio - Bertrand Russell
O Trabalho Enlouquece? - Vários Autores (ed. Vozes)
A Loucura do Trabalho - Christophe Dejours
E por aí vai...
Alguns chegados meus adoram me chamar de vagabundo. Eles falam brincando (espero), porque sabem que já trabalhei muito. Tinha 15 anos quando assinei minha carteira pela primeira vez, mas mesmo antes já trabalhava em coisas informais (vender picolé, lavar carro, capinar pátio - lembro ainda hoje a vez em que limpei o chão de um boteco em troca de um gibi meio raro). Fiquei 6 anos no meu primeiro emprego e curti (no início a gente acha tudo legal), mas depois disso nunca consegui aguentar mais que 3 anos em qualquer lugar, e muito raramente curti de novo. Escolhi (na verdade caí nisso) a área de comunicação e fiquei pipocando nos muitos lugares onde ela é praticada: jornais, revistas, agências de publicidade e as famigeradas gráficas. Bah, dá um cansaço só de lembrar os trabalhos que já tive que fazer e os lugares horríveis onde fui parar. Tenho quase 30 anos de trabalho nas costas e talvez nem 15 de carteira assinada. Trabalhei (como muita gente neste país) sem "vínculo empregatício". Me fudi.
Abri uma pequena empresa em 96, uma época em que as pequenas empresas (e também algumas não tão pequenas) estavam quebrando bonito. Fechei as portas em menos de um ano, mas acho que aprendi uma lição para além do universo do empreendedorismo com aquela falência. Me tornei um sujeito muito mais humano e desapegado. Desde aqueles meus longínquos 25 anos que sigo fiel à decisão de não usar cartões de crédito, talões de cheque ou qualquer outra destas "modernidades" que mantém a galera mergulhada num atoleiro de dívidas eternas. Foi mais ou menos por esta época que voltei a ler livros e deixei de comer carne pra valer. E lá se vão 18 anos.
Mas quanto ao trabalho... Eu adoro ficar em casa fazendo só o que me dá na telha. Toco meu violão, desenho um pouco, baixo um filme, olho um pornô, leio um livro ou uma revista em quadrinhos, saio pro parque pra me exercitar um pouco, escuto um disco, enfim, gasto meu tempo COMIGO. Isso me parece um direito essencial. Dentre muitos outros que deveriam ser garantidos (moradia de graça, por exemplo). Mas nunca deixei de trabalhar. E não me refiro apenas ao trabalho como necessidade financeira, falo do trabalho como atividade física e mental. Não sou um vadio (mas também não emito juízos morais sobre isso - apenas acho que ninguém tem obrigação de sustentar ninguém: o cara quer levar a vida largada, então que se garanta de alguma maneira). Não consigo ficar parado. Muita gente ficaria surpresa se descobrisse que, inclusive, gosto da ideia de trabalho. Gosto mesmo. No mundo ideal que vislumbro, as pessoas trabalham felizes porque fazem aquilo que são a fim de fazer. E não são trabalhos estúpidos, não são atividades idiotas criadas pra movimentar a máquina da grana, uma grana que vai parar generosa na mão dos donos do mundo e pingadinha (apenas o suficiente pra sobreviver) na mão dos trabalhadores.
ESTA é a minha bronca com o trabalho. Do jeito que vivemos esta merda hoje, ela nada mais é do que ferramenta de controle e dominação. Já usei esta figura num conto que publiquei aqui no blog: o mundo é como se fosse uma plantação de pessoas, tem gente poderosa consumindo pessoas, as pessoas são criadas (vão do nascimento à morte) apenas para fazer uma engrenagem funcionar, e esta engrenagem funciona para que uns poucos filhos da puta neste planeta mantenham o seu altíssimo padrão de vida. Castas, nada mais que isso.
Eu vejo claramente que as pessoas estão doentes. O trabalho (entre outras coisas) faz com que adoeçam. A narcose, o vício do trabalho. Elas ficam doentes com ele, mas não conseguem viver SEM ele. Um sujeito desempregado é um potencial deprimido, porque não sabe o que fazer da vida. Claro, nunca saiu do esquemão. O cara não tem estrutura pra nada, ele precisa, além da grana, da FUGA do trabalho. E aí tudo vai ficando meio nublado, embotado. O sujeito desempenha uma função medíocre qualquer e provavelmente não questiona qual é a importância daquele trabalho pro mundo. Falo de importância REAL. Tá cheio de profissões, empresas, serviços e produtos no mundo que simplesmente NÃO PRECISAVAM EXISTIR. No bacanal capitalista que a gente vive, é preciso estar sempre inventando alguma coisa pra fazer a roda girar. E claro, a reboque disso, vêm os produtos sem qualidade (porque é preciso comprar de novo, e logo), os serviços deficientes, os serviços para dar assistência aos serviços (novas realidades jurídicas, constitucionais, financeiras, etc) e mais um monte de coisas que começam devagar e, quando você vê, já não pode viver sem elas.
Uma vez um amigo jornalista me disse: hoje, no mundo, existem muito mais soluções do que problemas. O que falta é interesse em mostrar isso. O cara sabia o que tava falando. Existe também mais comida do que gente com fome, mas a comida apodrece e vai fora, não pro esfaimado. E existe também a possibilidade de se viver sem o trabalho como um cabresto, como uma condição sine qua non pra ESTAR neste mundo. O problema é que tá todo mundo tão imerso na loucura, que ninguém PENSA. Pra muita gente essa minha conversa é um absurdo.
Pra mim, o absurdo é abrir mão de uma existência mais saudável pra ser uma peça numa engrenagem. É não tentar enxergar a conformação desta engrenagem, como ela funciona, qual é a finalidade dela.

Bando de macacos...

segunda-feira, 28 de abril de 2014

All Star azul

Vou mudar o banner deste blog qualquer hora destas, mas até lá, um esclarecimento: essa imagem aí de cima não é uma referência à música do All Star azul do Nando Reis. Eu não gosto de Nando Reis. Antes seria, então, uma referência ao All Star azul da música "A Saudade e o All Star", da banda Superguidis. Aí sim! Acho esta música muito massa. Mas tô desconfiado que nem os caras da banda gostam muito dela, pois foi impossível achar um videozinho na internet. Buenas, continuo achando boa. Se você puder, escute (esta e outras) qualquer hora.

Meu velho companheiro 
de caminhadas ao luar
Pensando abobrinhas, 

pensando idiotices sem nexo
Adeus, all star azul...

adeus, all star azul tamanho 41!
Mudamos tanto eu e você 

durante esse último ano...
Você vai para o lixo, 

e eu vou chorar na despedida...
Adeus, all star azul...

adeus, all star azul tamanho 41!

Rabiscos


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Fotógrafo (risadas)

Comprei uma câmera fotográfica. Ia dizer que era um sonho de consumo, mas não se trata apenas de consumo, trata-se de gostar de fotografia. Nada muito cabeça, claro. Não sou da turma dos adoradores de Cartier-Bresson, Robert Capa, Sebastião Salgado... esses nomes de peso da 8ª arte. Sou um sujeito péssimo que teve uma formação (meia-boca) publicitária, então acabei curtindo a fotografia de estúdio. É o que quero fazer. Se tudo der certo, quero ter um banco de imagens diversas, clics que se prestem para várias coisas. Nada mais que planos por enquanto, mesmo porque minha câmera é relativamente simples, uma Nikon D3000, considerada um "modelo de entrada". Lente, por enquanto, apenas a que veio com a câmera (18-55mm). É tudo muito caro neste universo. No Brasil, então, é ainda mais caro do que nos outros lugares. É como informou um site (dos muitos que ando acessando pra aprender fotografia): câmeras de entrada no Brasil são como carros populares, acessíveis apenas no nome, porque nem mesmo os modelos simples são baratos. É foda!
Mas tudo bem, vou comprando tudo aos poucos. Se a coisa der certo, ainda quero noticiar que comprei uma Nikon D7100 ou similar.
Acima uns registros de fotógrafo amador. Sou tão manco ainda que só me arrisco a usar a câmera no automático. Minha filha (modelo/cobaia) vai me ajudar na empreitada. Vamos ver se saem novos e melhores clics no futuro.

domingo, 20 de abril de 2014

Eu e Mel, Mel e eu...


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Post de bêbado

Caralho! Morreu o García Márquez.
Deus, tu tá levando embora todo mundo, porra! Daqui a pouco o meu universo de significação vai ficar vazio.
Brincadeira! Meu universo de significação é atemporal. Dostoievski, por exemplo (que eu não esqueci), é mais presente que o velho colombiano (e Deus é só figura de retórica, certo?). Mas eu gostava do "Gabo". Li "Cem Anos de Solidão" duas vezes (com um intervalo de 17 anos) e me deleitei em ambas. Li também "Memorias de Mis Putas Tristes" e achei sensacional.
A gente transita pelo mundo de maneira desconfortável. Sempre tentando vencer algo. Eu, nos últimos tempos, tento vencer o tédio (mais do que outras coisas, que não são poucas). Esses caras (escritores, quadrinistas, cineastas, etc) têm me ajudado na empreitada, e o Gabriel foi responsável por muitas horas da minha existência meio sem graça que deixei em suspenso, momentos em fui pra outro mundo. Isso não é pouco. Sei que foi assim pra mim e deve ter sido pra um monte de gente.
Mas claro, que não é só isso. Esses caras colocam um tijolinho a mais na "yellow brick road" das nossas vidas rumo ao... ao... ao... ao que, mesmo? Você não sabe, né? Nem eu. Mas a gente sabe que estes caras nos ajudam, de alguma forma. A arte é um lenitivo. Talvez seja até mais que isso. Eu é que ando meio amargo. E, neste momento, meio bêbado.

Estou Triste

Estou triste tão triste
Estou muito triste
Por que será que existe o que quer que seja?
O meu lábio não diz, o meu gesto não faz
Sinto o peito vazio
E ainda assim farto
Estou triste tão triste
E o lugar mais frio do Rio
É o meu quarto.

Quem diria! Caetano Veloso experimentando um pouco de melancolia. É quase um gaúcho... rs.
Música do disco Abraçaço.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Calvin & Hobbes

Sou o legítimo punheteiro do desenho. Em vez de pensar em fazer algo que me dê dinheiro, fico aqui rabiscando as coisas "que tenho vontade" de desenhar. Aziras...
O Bill Watterson deixou uma galera saudosa da genial dupla Calvin & Hobbes quando parou com os quadrinhos. Na internet tem uma cacetada de desenhos (de fãs, suponho) retratando Calvin e Hobbes depois de passados alguns anos. Alguns são muito bons. Decidi fazer também o meu. Por enquanto segue o traço apenas. Se conseguir terminá-lo, publico no futuro.


Uns rabiscos


sábado, 12 de abril de 2014

Um bom filme

Assisti ontem o filme “Her”, do Spike Jonze. A história de um cara (Joaquin Phoenix) que se apaixona por um sistema operacional, uma inteligência artificial que evolui a partir da experiência com o usuário e se manifesta exclusivamente através do som (a voz é da Scarlett Johansson, e creiam, isso ajudaria até aos mais críticos se apaixonarem por uma “máquina”). Achei o filme muito foda (“muito foda” é o meu jeito de dizer “bonito” sem parecer meio gay). Gostaria de comentar sobre a coisa, então já aviso que não tem como fazer isso bem sem contar o final (“spoilers”).  Na verdade, não vejo grande mal em saber o fim de uma história de antemão. Quando li Madame Bovary e Os Irmãos Karamázov, passei antes pelos geniais prefácios do Otto Maria Carpeaux e isso em nada diminuiu a fruição do texto. Pelo contrário, apurou o meu olhar para certas sutilezas que de outro modo passariam batidas. Buenas, guardadas as devidas proporções (Maria Carpeaux, gigante - Mario Telmo, liliputiano), segue minha opinião de cinéfilo meia-boca.
Inicialmente, parece que o mote do filme é o mesmo daquele do cara que se apaixonou por uma boneca de silicone, “A Garota Ideal”. Você conhece, né? Uma fábula moderna onde uma cidade inteira vive a projeção de um sujeito para ajudá-lo - numa espécie de terapia altruísta - a sair da fantasia (é legal, vale a pena ser visto).
Mas depois de algum tempo a gente percebe que o dilema em “Her” é outro. Algo parecido com o que já se viu em Blade Runner, em Inteligência Artificial (aquele do gurizinho) e na última versão da série Battlestar Galactica (que ameaçou explorar bem o assunto mas que depois - até onde vi - meio que perdeu a mão), entre outros:  se apaixonar por uma máquina? A questão moral/filosófica é praticamente a mesma, mas este filme do Spike Jonze se diferencia dos demais. Não se trata de atração por uma boneca (um ser inanimado), mas também sequer se trata de paixão por algo corpóreo. O personagem principal se envolve com uma voz. O máximo que se pode conceder em termos de materialidade é que o cara começou a gostar de um chip.
Nos outros filmes, os clones de seres humanos (replicantes no Blade Runner, Cylons no Galactica, etc) são retratados como criaturas superiores ao homem, porque além de serem fisicamente mais resistentes e ágeis, são capazes de aprender através da observação e análise e se auto-replicar. Imagino que a premissa aí é de que eles podem realizar cada vez mais atividades neuronais, sinapses ou sei lá que outros nomes se dá pra esse negócio de usar o cérebro mais e melhor. Então, se as criaturas constroem cérebros cada vez mais complexos, é previsível que em dado momento se tornarão mais inteligentes que os seus criadores (que também têm cérebros complexos, mas não desenvolvem). Na minha opiniãozinha o que sempre faltou nesses filmes é uma explicação mais aprofundada (uma tentativa de), sobre o momento em que uma programação (ou algo que o valha) vira consciência. Seria o equivalente a dizer o momento em que uma máquina adquire alma. Isso é dado de barato ou fica em suspenso e geralmente é essa incerteza que sustenta esses filmes, que mantém a tensão. Tudo bem, os filmes não deixam de ser interessantes, mas também ficam muitos buracos na trama. Destrinchar isso levaria muito tempo e seria necessário escrever um livro, mas resumindo dá pra dizer que é muito antropocêntrico (e bobo) quando nos filmes os clones de gente desenvolvem sentimentos humanos. Eles odeiam, ficam tristes, choram e, principalmente, se apaixonam pelos criadores. Quem bola estas histórias, parte do pressuposto (imagino) de que a evolução de uma inteligência artificial passa, necessariamente, pela apreensão e desenvolvimento de características psicológicas humanas. Mas as características psicológicas humanas são fruto de uma infinidade de causas (sociais, culturais, antropológicas, alimentares, climáticas, etc, etc) a que uma máquina, presumivelmente, não está sujeita. Uma máquina analisaria, cruzaria milhões de informações num milésimo de segundo e, amparada em alguns critérios, obteria uma resposta, uma indicação que não conduzisse a um novo erro, esse negócio tão familiar aos humanos.
Mas aí está uma boa questão: quais seriam estes critérios? É muito difícil falar sobre essas coisas, porque nós, homens, não podemos viver sem o erro. A Ciência diz isso. Portanto, falar de uma inteligência evoluída, uma que não incidisse em erros (ou que pelo menos não incidisse nos mesmos erros que nós) é falar de uma coisa que não conhecemos, ou seja, como não temos parâmetros, só podemos fazer um exercício de imaginação. Tudo bem, isso vale. O Einstein não dizia que a imaginação vale mais que o conhecimento? O problema é que existem imaginações boas e outras nem tanto. Em geral é nem tanto.
É muito mais legal quando os filmes não reduzem as inteligências artificiais a simples arremedos de seres humanos, e sim deixam a coisa no terreno do insondável, como fez o Kubrick em 2001, Uma Odisseia no Espaço. É mais honesto também. E é neste aspecto que o filme “Her” se destaca. Embora mantenha o clichê da máquina apaixonada pelo humano, faz isso com uma certa ambiguidade e mostra, no final, a máquina transcendendo a condição humana, abandonando o homem porque as suas (da máquina) investigações sobre o mundo tornaram inviável a coexistência. É triste e bonito. É instigante, faz pensar.
Nenhuma comparação com o filme do Kubrick, claro. São coisas completamente diferentes. O “Her” é mais palatável, mais pra consumo rápido. Pode ser visto como uma crítica ao processo de individualização que as pessoas estão vivendo. Em dado momento do filme, a “namorada” do protagonista revela que está “envolvida” com milhares de outros usuários e que, por 641 deles, está apaixonada. O sujeito começa a observar as pessoas ao redor, todas falando sozinhas e rindo, todas com um dispositivo auricular, vivendo seus romances virtuais. Isso vai um pouco além, mas não é tão diferente do que se vê hoje. Eu vejo com um misto de desprezo e curiosidade todas essas pessoas fuçando o tempo todo nos seus celulares, tablets e sei lá mais o que. É doido. Estamos vivendo um momento muito estranho. No início me dava ao trabalho de contar quantas pessoas, no trem, ficavam futricando nos seus aparelhinhos, depois deixei de lado pois se tornou corriqueiro. Isso deve ter alguma coisa a ver com evolução, é só o que consigo pensar. A gente vai acabar numa Matrix mesmo, não vai? Pensar nisso angustia, mas não dá pra deixar de fazê-lo. Filmes como “Her” talvez sejam visionários, talvez estejam apenas antecipando um negócio que logo chegará.
Foda!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Luiz Tatit

Tenho baixado muitas músicas, muitos filmes e muitos quadrinhos. Os filmes e quadrinhos vou guardando para dias vindouros, mas as músicas baixo e já ouço. A música brasileira deve ser mesmo a mais foda do mundo. Porra, como tem coisa! Aproveitei que minha internet agora é boa e fui ouvindo todos aqueles nomes que eu conhecia de “ouvir falar”. Alguns são sensacionais, outros nem tanto e outros ainda bem fraquinhos mesmo. Tá cheio de neguinho conceituado na nossa MPB que não passa de um belo embuste: a musicalidade é legal, mas o discurso é uma merda. Não adianta, se o cara não tem inteligência, leituras e/ou vivências, não tem o que dizer. Mas claro, música é uma coisa tão difícil de categorizar que até alguns textos vazios se tornam agradáveis de ser ouvidos.
Dentre os muitos artistas que conheci mais a fundo, o que mais gostei foi o Luiz Tatit. É um professor de Linguística da USP que foi um dos criadores do Grupo Rumo, lá por meados da década de 70. Esse Rumo, junto com Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Premeditando o Breque e outros, fez parte do que ficou conhecida como a Vanguarda Paulista.  Ou seja, um cara com uma longa história e o desinformado aqui só foi conhecê-lo agora. Bom, isso não é de todo verdade. Há alguns anos (uns dez, eu acho), uma cantora aqui de Porto Alegre – a Adriana Deffenti – gravou a música “Capitu”, uma composição do Tatit. Eu ouvi e achei sensacional, mas não fui além daquilo. Não lembro o que me levou, recentemente, a buscar o cara na internet. O fato é que gostei muito. Aí fui catando tudo o que achava do artista: músicas, entrevistas, referências literárias (ele escreve sobre música), parcerias, etc. No encarte do CD "Com Defeito de Fabricação", obra genialíssima do Tom Zé, tá lá escrito: "dedicado a Luiz Tatit, por sua música". Acha que isso é pouca coisa, meu amigo?
Tipo sensacional esse Luiz Tatit. Vozinha calma, barbudo, cabeludo, óculos... Eu penso num Chico Buarque mais lúdico, mas também mais professoral. Letras muito bem elaboradas, uma musicalidade... como dizer? Fora do convencional? Acho que sim. O jeito de cantar é quase que uma fala, coloquial. E no entanto tem momentos que são verdadeiros achados melódicos. Aliás, esse negócio da fala – das alternâncias e ênfases da fala – é (se eu entendi bem a história) um objeto de estudo do Tatit. Esta entrevista é longa, mas vale a pena ser assistida do início ao fim, pois é uma verdadeira aula sobre origens da música brasileira, entre outras coisas.

Fiz abaixo uma seleção de algumas das músicas que mais gosto do simpático (queria ter colocado mais duas: Final Feliz e Quase, mas não achei vídeos dessas). 
Ouçam aí, gente. Vale a pena.


Homem de criação (rá, rá, rá)

Fiz este desenho/montagem aí de cima pra capa de uma revista que diagramei e bolei projeto gráfico. Tinha ficado legalzinho (o projeto gráfico) até a assessoria de imprensa do cliente transformar minha ideia num Frankenstein. Buenas, ossos do ofício. A revista entrou em gráfica hoje e finalmente posso respirar um pouco. Até eu organizar as coisas, fica esse passo a passo da imagem, as etapas de esboço, Corel, Photoshop e Photoshop de novo. Achei a ideia muito boa, modéstia à parte. O tema da revista é "negócios ambientais", então pensei numa figura que sintetizasse isso. Gosto mais da coisa limpa (passo 3) do que da montagem final (passo 4), mas foda-se o que eu gosto, o lance é ganhar uns pilas pra poder me dedicar aos projetos pessoais.

I'll be back.

domingo, 2 de março de 2014

Músico (rá, rá, rá...)

Voltei meio devagar com o blog, eu sei. Ainda não tô convicto de que realmente quero fazer isso. Alguém aí, do outro lado desse negócio, se sente assim também? Sem certezas. Porra, eu não tenho certeza de nada. Fiz até uma música sobre isso (um dia será ouvida, por enquanto vai só a letra):

Saiba que eu de nada sei
Além de mim e ainda assim
Bem pouco
Já faz tempo eu desisti
De ir a fundo, explicar o mundo...
Tá louco!
Mas minha namorada infelizmente
Não pensa assim e além de mim
Quer tudo
Ela não consegue entender
Essa minha atitude
Ela quer que eu mude
Eu não mudo
Eu não mudo
Saiba que eu nada vou fazer
Está bom pra mim, aceito a vida assim
Assim aos poucos
Já faz tempo eu percebi
Que lá no fundo, quase todo mundo
Tá louco
Mas também eu posso estar maluco
Pode ser que sim, já disse que de mim
Não sei tudo
Eu não tenho certeza de nada
E até que isso mude
Não tomo atitudes
Fico mudo
Fico mudo.

É bem legalzinha, creiam. Tenho, além desta, mais cinco músicas prontas. Também quatro instrumentaizinhas que, dando uma guaribada, podem ficar bem interessantes. Aliás, gostaria de encontrar um produtor/arranjador que pegasse a minha "voz e violão" e transformasse numa coisa profissional. Tô longe de ser um Bob Dylan, então preciso de ajuda.
Olhem esta outra, se chama "Manifesto Contra o Trabalho", um dos meus temas mais caros:

Acordar
Bem cedo todo dia
E ir para o trabalho
Não é o que eu queria
Não é isto que eu valho
Cadê minha alegria?
Troquei por um salário
Eeeeeeeeeeeeeuuuuu
Peguei e troquei por um salário
(mas que otário!)
Estudar
Pra ser alguém na vida
E ter um bom emprego
Que lógica sofrida
Que presente de grego
Mentiram na partida
Eu corro e nunca chego
Eeeeeeeeeeeeuuuuuu
Eu corro, corro e nunca chego
(trabalha, nêgo!)
E ainda outro dia eles vieram me dizer:
Que feliz que é você
Que trabalha todo o dia
O trabalho é uma alegria
O trabalho enobrece
Então vê se não se esquece
Ignora esta tristeza
Só tem boia na mesa
Quem vive pro trabalho
Ai, que bom ter um salário!
Ai, que bom ter um salário!
Ai, que bom ter um salário!
Ai, que bom...
Que bom enriquecer o meu patrão!
Ai, que bom!
Aceitar essas migalhas que me dão!
Ai, que bom!
Esse novo tipo de escravidão!
Ai, que bom!
No fim do mês pagar a prestação!
Ai, que bom!
Se lá em casa tem televisão!
Ai, que bom!
Viver a minha vida sem razão!
Ai, que bom!
Nunca, nunca, nunca dizer "não"!
Ai, aiaiai, ai ai, que bom!

Esta ainda vai ser o hino de uma legião de revoltados, esperem e verão! E é isso. Telminho músico. Tenho uma outra que fiz com uma batidinha de bossa-nova. Ficou tããããoooo bonita. É pena que ninguém acredite em mim como músico. Nem eu, geralmente. Meu amigo Jeferson, o quase-secretário de cultura do Estado resgatou todas as músicas antigas dele (do tempo em que éramos jovens e impetuosos lá em Canoas e quando era fácil achar os amigos tocando uma viola nas esquinas do centro) e fez umas releituras. Chamou gente de peso pro baixo/bateria/guitarra e deixou a coisa bem bacana. Espero que dê certo pra ele.
O que mais? Putz... tantas coisas.
Acho que vou pedir demissão. Não contei que estou trabalhando como diagramador (a atividade mais CHATA do mundo) numa revista de pecuária (uma das coisas que mais deterioram o planeta), né? Pois é, estou. Há sete meses. Desde que voltei da praia. E sou um frila-fixo, ou seja, nada de seguro-desemprego, fundo de garantia, férias, décimo-terceiro, etc. Poderia dizer que tem um lado bom: não cumpro horário e trabalho apenas duas semanas por mês. Mas não é bem assim. Nessas duas semanas faço, em ritmo alucinado, o trabalho do mês inteiro. Preferiria fazer a coisa mais na boa, mais calmamente. Na verdade preferiria não fazer porra nenhuma. Eu, vegetariano há 17 anos, vendendo minha alma numa revista de pecuária. É foda! Vou sair, apesar de ter uma mulherada sensacional lá. E amigos também.
Como vou pagar o aluguel? Como vou pagar a pensão da Melissa? Como vou pagar a internet? E a comida? NÃO SEI. AAAAAAAHHHHHHHHHHHHH, vida desgraçada... a gente tem mesmo que estar sempre se submetendo a coisas que não gosta? Ai, que bom... viver a minha vida sem razão! Buenas, sete meses são um tempo bastante longo. Já deu pra mostrar que eu encaro as pedreiras... mas preciso ser coerente com o que acredito. Se eu acredito em passar fome? Pois é... talvez devesse começar a pensar nisso.
E ontem aconteceu uma coisa SENSACIONAL na minha vida de poucos eventos sensacionais: encontrei, num dos sebos que frequento, o livro "Breves Entrevistas com Homens Hediondos", do David Foster Wallace. MORRAM de inveja, caros amigos. Este livro está esgotado há um tempão. Muito procurei por ele, mas não tinha em lugar algum. E sabem o que é melhor? Paguei apenas 35 pilas. Esse sebo onde achei o livro é um dos que antigamente vendiam verdadeiras joias por um preço baixíssimo. Isso durou até o dia (o maldito dia) em que eles também descobriram a Estante Virtual. Agora eles fazem uma consulta de preços antes de botar os livros na prateleira. Mas vejam só... o David Foster estava esgotado. Não tinha na Estante, não tinha na Saraiva, não tinha na Cultura... em lugar nenhum. Então não deu pra saber o valor. Tacaram lá: 35 pilas. Buenas, se eu ainda quiser vendê-lo depois de ler (coisa que eu já devia estar fazendo, mas estou adiando o prazer o máximo possível), não contem com um valor inferior a 150 reais. Meus amigos que me chamam de capitalista (picareta de livros seria mais indicado) se revoltam quando conto essas coisas, mas vejam bem: eu podia (mentira, não podia) estar vendendo carros, podia (mentira, não podia) estar vendendo planos de saúde, podia (mentira, não podia) estar vendendo assinaturas, podia estar vendendo qualquer destas coisas idiotas que só servem pra tornar a vida mais odiosa, mas não, estou vendendo LIVROS, essa coisa nobre, então, pelo menos nesse caso, vou acatar as famigeradas leis de mercado e repassar o meu produto pelo valor que esta lei de mercado diz que ele tem (mesmo porque sou um fodido). Vendi um Palahniuk também esgotado (Assombro, o livro que causa desmaios nos leitores - e que eu li, mas não desmaiei) por 140 pilas, e nem tava não bem conservado quanto este do Wallace. Aliás, vejam só que coisa interessante: Palahniuk e Foster Wallace nasceram no mesmo ano e fazem aniversário no mesmo dia, 21 de fevereiro. Ou melhor, faziam aniversário no mesmo dia, porque o nosso amigo David se enforcou em 12 de setembro de 2008. Dizem que o cara era muito foda. Depois eu conto se é mesmo. Os que não quiserem esperar (ou não quiserem pagar os 180 - já aumentei - pilas que vou cobrar, podem comprar um outro dele, bem mais fácil de achar por aí: Ficando Longe do Fato de Já Estar Meio que Longe de Tudo. Uma média de 40 pilas.
Livros... pôxa, eu andei lendo tantas coisas. Mas não tenho saco de comentar. Esse do Palahniuk, por exemplo... é uma porrada. Imagine as situações mais absurdas, as cenas mais atrozes, as coisas mais cruéis e chocantes e ainda assim o livro supera qualquer expectativa. Esse Palahniuk é um doente, cara, sério! Pegue um sujeito de gênio (no sentido de genial, por favor) e largue ele nos Estados Unidos. Imagine alguém com talento esmiuçando o que o "american way life" tem de pior. Esse cara é o Palahniuk. Já li três livros dele, dois romances (nenhum é o Clube da Luta) e um de crônicas. Prefiro o de crônicas, mas bah, os romances são punks, leituras pra quem tem estômago. Só pra se ter uma ideia dos temas sobre os quais o bonitão se debruça, um livro dele se chama Snuff (cê sabe o que que é, né?). Também li outras coisas, menos fortes, mas ainda assim, fortes: Trainspotting (aí aproveitei pra rever o filme) - Irvine Welsh; A Morte de Bunny Munro - Nick Cave; Fique Quieta, Por Favor - Raymond Carver; O Mágico de Lublin, Isaac B. Singer; Sexo - André Sant'Anna; Entre Quatro Paredes, Sartre; Diário da Queda - Michel Laub; Barba Ensopada de Sangue, Daniel Galera; As Façanhas de Um Jovem Don Juan, Apollinaire, Passageiro do Fim do Dia, Rubens Figueiredo; Cães Heróis, Mario Bellatin e vários outros. Durante a leitura de muitos destes livros me dava vontade de parar e ir correndo pro computador, ressuscitar o meu blog e contar a coisa genial que eu tava desfrutando. Se a gente não escreve na hora, depois passa o ímpeto. Agora, por exemplo, já passou.
Meus ímpetos andam passando cada vez mais rápido. Será que estou perdendo a capacidade de me apaixonar? Desde que voltei da praia me envolvi com duas gurias. Coincidentemente, duas capricornianas - mulheres complicadas, pelamordedeus! Não saberia dizer por que não estou com nenhuma delas neste momento. Devo ter alguma parcela de culpa, não andei no melhor dos estados de espírito nos últimos tempos. Morei 5 meses com meus pais e um irmão com o qual não converso. Família é uma coisa que pesa, pesa muito. Invejo aqueles que têm uma boa relação com os seus, porque gosto e me preocupo com os meus, mas não consigo ficar muito tempo por perto. Também rompi com um camarada de longas datas. Conversamos quase que diariamente durante sei lá... 20 e poucos anos, e aí, de repente, paramos de conversar. Foi natural. Mais nada em comum, a perda daquilo que caracteriza uma amizade. Saio de vez em quando com um ou outro camarada, Rodrigo o mais frequente deles. Dia destes discutíamos se cachorros têm personalidade. Eu dizia que não e ele, apaixonado pelos dois akitas que tem, dizia que sim. Um pouco antes o puto tinha me dado um banho de cerveja. Leffe, uma cerveja belga tri boa, mas forte pra caramba. Ficou um cheirão na minha roupa (ou seja, bebam, não se banhem com ela). Também tenho trabalhado, nas terças à noite, no balcão do Tutti, o bar dos cartunistas. Começo às 7 e vou até 1h30min, 2h da manhã. Nestas semanas de fechamento da revista, foi cansativo, mas se ainda me quiserem no bar, largo a revista e não desisto do balcão. Além da mulherada linda que atrolha o lugar nas terças, encontro sempre um monte de amigos, então acho sensacional (mesmo tendo que gastar 20 - dos 80 pilas que recebo por noite - com o táxi pra casa).

Buenas... vou nessa. Quero aproveitar esse feriado de carnaval pra tocar umas coisas.
Ah... por caridade, comprem meu CD se um dia eu chegar a gravá-lo.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Obrigado por tudo, Nico!

E agora há pouco saí da minha voluntária alienação do mundo, fui dar uma olhada nas notícias. Tava mesmo era procurando alguma explicação pra este calor infernal e querendo saber se a greve dos ônibus se resolve. O calor, que eu já tava achando que era resultado da degradação do ambiente e que, ceeeeerto, era o início do fim do mundo, na verdade já aconteceu na mesma intensidade há 98 anos (segundo documentos de algum instituto de meteorologia, provavelmente - um menino de 10 anos nesse fatídico verão de 1916 seria hoje um inverossímil velhinho com 108, será que ia lembrar do sufoco depois de tanto tempo?).
Vejam isso: http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/sensacao-de-calor-ultrapassa-os-50c-em-porto-alegre-confira-projecoes-74786.html
Sensação térmica de mais de 50ºC!!!! Então era por isso que ontem, quando eu fui a pé pro Centro (não tem ônibus, lembrem-se), achei que ia morrer. Pior que isso só mesmo o inverno que vem depois... Forno Alegre, Frio Grande do Sul... sinta na pele como é bom viver aqui!
Mas as notícias que acabei lendo foram outras. Porra, morreu há uns dias o Seymour Hoffman, heroína. Gostava desse cara. E hoje, agora há pouco, morreu o Nico Nicolaiewsky (leucemia). Enquanto escrevo isso, estou ouvindo o disco "Onde Está o Amor", trabalho solo do "maestro Pletskaya". É tão bonito, honesto, sem afetação. Quando eu fazia natação no Israelita, lá no Bom Fim, de vez em quando cruzava com Nicolaiewsky pelo vestiário. Morria de vontade de cumprimentá-lo pelas coisas legais que fazia, mas ficava com vergonha. Deveria ter feito. Reconhecimento é o mínimo que artistas - na melhor acepção da palavra - como o maestro merecem. Ouçam as músicas do disco e julguem por si mesmos.


E assim acabam as eternas apresentações de verão do Tangos & Tragédias.
Talvez eu não esteja errado, afinal de contas... talvez o mundo esteja mesmo acabando. O mundo tal qual eu conheço... Um mundo não muito grande, mas bonito muitas vezes.
Fica um outro vídeo, do Nico com o Gessinger (que é um cara de quem não gosto muito, mas a música é tri bonita e parece tão apropriada pra este clima - todos os climas - do momento).


A volta do que não foi...


Olá, camaradas. Pois é... voltei. Sete meses depois de ter dito que não ia mais perder tempo com blogs. Sete meses em que aconteceram muitas coisas. Algumas boas, outras bem desagradáveis. Escrevi um texto gigante pra colocar aqui (12.967 caracteres), mas depois de ler, reler, treler e mexer mil vezes no “maledeto”, desisti. Tenho umas pretensões grandes demais pro meu pouco estofo. Começo a escrever e vou tentando explicar o mundo, ou desenhá-lo como ele deveria ser, mas isso é muito foda... cada coisa que a gente diz tem uma ramificação, se desdobra em duas ou em várias outras. Aí o negócio vai virando um emaranhado do qual é difícil se desvencilhar. A gente não sai impune de nada e é preciso aceitar essa falibilidade. Putz... já tô tentando explicar como as coisas funcionam. Não me deem bola, eu sou um embuste (assumido, mas isso não redime embusteiro algum). Vou continuar falando mal das coisas que sempre falei (ou seja, de quase tudo), mas vou tentar fazer de maneira mais bem humorada. E é isso que se pode tirar daqui: sou um cara “cleaver”, de vez em quando apareço com uns achados bem bons, modéstia à parte. Minha retórica de bronco, de derrotista, de furibundo com o mundo e de pseudo-intelectual perplexo tem lá seus momentos aproveitáveis, risíveis no bom sentido. E vou escrever minhas ideias sem ficar me precavendo contra o risco (bastante grande) de algumas delas não valerem um saco de batatas podres. Isso aqui é um exercício, uma profilaxia mental e um dos usos que achei para os R$ 110,00 de internet que vou gastar todo mês (resquícios da minha infância pobre: se estou pagando, TENHO que usar).

Então é isso. Tamo aí de novo. É nóis, brô. Vamos ver o que que sai.